Xênia França
Laranja Mecânica
[Verso 1: Rashid]
Onde as flores morrem de sede e crianças de fome
O descaso paira tipo um drone
Por todo canto feito o Grande Irmão
E o progresso é uma mentira mal pintada
Implorando mais uma demão
Século laranja mecânica
De voz babilônica e a dor messiânica
Que vê no glamour e na riqueza os poderes de herói
E o amor na prateleira c’um selo da Tectoy
É como a praga na colheita que rói, multidão
Igual os preso na Indonésia caminhando rumo a execução
Com amnésia a ponto de não saber
Como era sua vida sem 3G
Um ser humano gélido fi, iludido
O manequim em exposição de um produto que já foi vendido
E o coração abduzido
Quem nunca se encontrou também não tem como saber que tá perdido
[Refrão: Xênia França]
O que fizeram contigo e aquilo que chamaste de coração?
Que formato de arquivo é preciso ter pra voltar a ser teu irmão?
Antes do mar secar, tu secou
Antes do mundo, o amor acabou
E o que restou, sem sinal de vida aqui
[Interlúdio: Rashid]
Pessoa, máquina, pessoa, máquina
Pessoa, máquina, pessoa, máquina
Pessoa, máquina, pessoa, máquina
Pessoa, máquina, pessoa, máquina
[Verso 2: Rashid]
Cabeça baixas, cada qual no seu aplicativo
Geração Z, zero de conexão com o que é vivo
E no processo evolutivo
O homem continua sendo o único animal que mata sem motivo
Pego no crivo, chip no cérebro, frios como mármore
Daqueles que só vêem os prédios, esquecem das árvores
Síndrome touch e a mente na nuvem traz sequelas
De dedos que não tocam peles, apenas telas
Vazio como um pen drive novo e a causa vã
De mostrar como sua vida é boa no Instagram
Trincheira onde os racista e homofóbico
Acumulam like pro seu ódio burro ideológico
Sujo, é lógico, o machismo dos verme sem leme
Hoje você se tornou o meme
Preso a um cabo USB, sem querer se soltar
E sem ver que a vida não dá pra reiniciar
[Refrão: Xênia França]
O que fizeram contigo e aquilo que chamaste de coração?
Que formato de arquivo é preciso ter pra voltar a ser teu irmão?
Antes do mar secar, tu secou
Antes do mundo, o amor acabou
E o que restou, sem sinal de vida aqui