Xênia França
O Deserto em Nós
To ligado que meu crespo te provoca
Fica indignado, descobriu que não é moda
Que nem teu carro ou tua panca te vestem de mim
Confessa logo que queria ter nascido assim
Teus privilégio, teu colégio, suas roupa de grife
Vanila Ice aqui é mato, conheço esse crime
Tenta acompanhar, só que derrapa na curva
Tinta fresca se apavora no meio da chuva
São varias tretas, acredite
O homem insiste em se enganar
Ostenta com orgulho sua fome de sangue
Deus que me perdoe
Mas tem fé que professa o jaguar
Eu tô de boa, sigo suave
Flutuo entre frames de imaginação
Quem aqui é são nessa porra?
Poder é uma arma que seduz
Orgulho mata
Dinheiro deixa cego
O medo gera sensações que nos conduzem ao deserto
De ponta a ponta trincheiras, muralhas, barreiras
Castigos, bandeiras
Conceitos tradicionais
A gente vai se degladiando
Pra abrir espaço
Para o comandante chegar
Boas vindas senhoras e senhores
Doutoras e doutores
Infantes rebordosas magistrais
Eu to aqui de cara feia
Pensando na sua ceia
A entrada, uma sopa que me enoja
Orgulho mata
Dinheiro deixa cego
O medo gera sensações que nos conduzem ao deserto
Ouço o barulho do ronco da barriga
Da serra é fome
Ou sede de justiça
Atiça o gemido, o grunhido
Que imita a cuíca
A cada bica na boca
Da entranha do samba
Não culpo o nome do fruto bendido
Que adoça o rito de colher cacau
No chocolate roubado do Egito
Estava escrito...
Orgulho mata
Dinheiro deixa cego
O medo gera sensações que nos conduzem ao deserto