[Verso 1]
Hoje nem é preciso vestir
Vais para ver a pitinha com a moca
Relações conjugais são com a bolsinha da coca
Mesmo em casa quando sais ou na noite da lisa
A tua guita e a dos teus pais foi-se na kiza
E o teu grupo de amigos vês? É sempre o mesmo esquema
Conversas entre vocês vão sempre ao mesmo tema
Que uma é fraca que outra é pura e que a outra tem mais corte
Já não cheira, fuma, dura mais e vem mais forte
Ferve no amoníaco queima na cinza de cigarro
Onde é que eu já vi isto? Parece tudo tão bizarro
Depois vêm as ansias sorte de quem nunca as tenha
Porque só passa com mais branca ou com um bafo de castanha
E é no cavalo que é mais brusco e evidente
Toda a gente sabe chavalo sem ser bruxo e vidente
'Tás a dar um passo em frente por isso acorda e desperta
Eu sei que uma não leva a outra mas é uma porta aberta
Desde puto que convivo com isso sem me ter metido nela
E se eu conheço o efeito? O efeito destrutivo dela?
Quartas, meias colhe a dose a morte dá-se em pacotes
Volta meia é overdose a droga dá-te capotes
Em casa, comem tudo menos a sopa e o conduto
Na rua, fodem tudo a fazer sopa com tudo
É mais corte que produto dá um caldo e morre
Dealer intruja desde puto vendia caldo Knorr
E uns diziam que batia, ya, só na afirmação
Mas bom mel só havia e há para os que da firma são
Hoje empregados têm empregados há empregados sem patrão
Do produtor ao consumidor passa por mais de cem mãos
E uns acabaram sem mãos por serem maus pagadores
Outras acabaram nas mãos de chulos e passadores
Porque eles não andam atrás de ti porque tu fumas drogas leves
Eles andam atrás de ti porque tu fumas droga e deves
A quem te pôs droga na mão para a divisão do dinheiro
Tu não controlas o que enrolas fumas o sabão inteiro
Ou a placa toda, fodeste a paca toda
Agora 'sa foda fodem-te a placa toda!
Eu vi a minha geração entre o consumo e o tráfico
A vender a consumir a fazer fumo muito rápido
Foi tudo muito rápido antes de chegarem a jovens
Crianças de doze anos a ressacarem como homens
Hoje putos e pitas também já consomem
Fumam, dão umas riscas enquanto as suas mães dormem man
Mas eu já vi como é que isto acaba boy (boy, porque eu já vi este filme)
Uns a picarem no pescoço atrás da veio que resta
Hoje és linda, amanha és a mais feia da festa
Com hematomas e magra como se estivesses de dieta
A abrirem feridas do nada como se tivesses lepra
No casal aos algodões a coleccionar infecções
Eu já vi estas sessões sem ter que ligar televisões
Uns acabaram nos caixões outros acabaram fechados
Outros fizeram alguma paca gastaram em advogados
Grandes comeram os pequenos mas acabaram esfomeados
Também provaram do veneno e acabaram agarrados
Uns largaram o terreno mas já estavam infectados
E mesmo os que saíram limpos hoje carregam um passado
E o que eu vejo e tu não as vezes até dão pena
Putos estão na ilusão a pensar que 'tão no cinema
E vão vivendo o filme até ver paca da mamã
Hoje pitas cheiram coca como se não houvesse amanhã
Como se não houvesse amanhã, como se não houvesse amanhã
Hoje pitas cheiram coca como se não houvesse amanhã
Mas eu já vi esse filme, parece a repetição
Parece a repetição a passar no ecrã
Mas não foi na televisão nem em nenhum espaço de antena
Que eu vi a degradação, inchaços e gangrena
Homens em putrefacção a desfazerem-se aos poucos
Achas que é só diversão e que só acontece aos outros, né?